terça-feira, 14 de junho de 2011

Sobre o óbvio



Hoje acordei com uma paz tão boa de sentir que eu nem quis levantar da cama, com medo de perdê-la. É domingo, não tenho hora pra levantar, posso ficar aqui enrolando o quanto eu quiser, ou até o telefone tocar. Levantei para atender, era engano.
Engano nada! Era o sinal de que eu poderia sair da cama que minha paz não acabaria ali.
Em paz, eu consegui perceber muitas coisas que haviam ficado pelo caminho: a companhia abençoada que tenho em minha vida; a fidelidade dos meus bichinhos (e a falta que eles estavam sentindo da minha atenção); o calor gostoso do sol quando bate na minha janela; a risada das crianças que moram aqui do lado; a paz de desligar o celular...
É incrível como o mundo não pára para nos assistir cair, como tudo continua no seu devido lugar. Nada desmoronou comigo, está tudo como deveria estar.
Anoiteceu, nem percebi... As estrelas estão dando um show à parte. O ventinho frio parece querer congelar o instante. Nem ligo, tenho quem me aqueça.
Mais um dia que chega ao fim. Meus problemas não me deixaram, nem eu consegui deixar de pensar neles, mas aceitei. Aceitei que não sou mais do que humana, não posso mais do que sou capaz de fazer, por mais que eu queira.
Aceitei. Aceitei que não posso fazer mais nada e que é hora de deixar acontecer, entregar nas mãos de quem sabe mais do que eu, e agradecer: obrigada pela coragem de deixar partir.
E eu continuo aqui, onde sempre vou estar, cercada daqueles que sempre estiveram aqui por mim, mesmo quando eu não vi. Aqui, com o coração ainda apertado, mas mais leve, e na espera de que tudo acabe bem.
Sei que estarei aqui. E esse mistério eu desisti de entender. É melhor simplificar: Amo! Óbvio, não? E ainda há quem diga que não gosta do óbvio...

Por Fernanda Romeo

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